segunda-feira, 22 de novembro de 2010

Começo e Fim

Deveria ter começado essa empreitada há alguns meses. Mas quase sempre na vida, os começos são feitos de fins, então aqui vamos nós...

Hoje entro oficialmente para o rol das esposas de petroleiros. Meu marido vai se formar no curso com louvor, e terminar esse inicio de jornada na Petrobras como orador da turma. Lá do outro lado, já rolou churrasco, amigo e inimigo oculto (secreto em outras regiões), e hoje mais tarde acontecerá a solenidade dessa formação. Quanta alegria!

Hoje também saberemos como se dará o resto de nossas vidas. Meu marido começa a embarcar, e uma nova rotina se abre para nós, trazendo muitos desafios e novas perspectivas.

Mas como será isso na prática? No final das contas, como é essa coisa de ser esposa de petroleiro embarcado?

Os últimos meses foram muito intensos e conturbados... Lendo o discurso que meu marido preparou como orador, relembrando momentos do curso, não pude me conter e relembrar dos meus momentos de curso: tive menos informação, descontração e entusiasmo que ele, mas procurei segurar firme, e aprender como auto didata essa nova cara de nosso casamento.

Tudo começou assim: um dia meu marido me liga de seu pacato emprego que lhe trazia todos os dias para casa as 18h, numa rotina de "cozinha você que eu lavo a louça, enquanto conversamos sobre a vida", e me pergunta: "Amor, vai abrir concurso para a Petrobrás! A boa notícia é que, se eu passar, vou ganhar mais, e a má é que posso trabalhar embarcado. O que você acha, eu tento?". Como boa esposa, dei-lhe todo o apoio! E pronto: em menos de 2 meses já estávamos ingressando numa nova rotina, que ao mesmo tempo trazia o entusiasmo de novas perspectivas, e as dificuldades de novas barreiras e necessidades de adequações na nossa vida conjugal.

Meu marido saiu às pressas do velho emprego, se mudou para outra cidade para o curso inicial de formação de operadores de plataforma, e nos últimos 4 meses enfrentamos a dificuldade da distância, da falta de comunicação, de tempo, de espaço... Tivemos que nos adequar a nos comunicar por email e bate-papo, a encaixarmos resolução de problemas e curtição em finais curtos de semana, e readaptar nossas rotinas domésticas, que antes contava com a presença e dedicação de ambos. Quase desistimos de nosso relacionamento uma série de vezes, mas firmes em nosso compromisso e amor, seguramos as pontas, e esperamos que ao início da rotina real de trabalho, com folgas mais constantes e duradouras, nós conseguiríamos resgatar as lacunas desse tempo, que apesar de pouco, nos pareceu uma eternidade.

Ás vésperas de sabermos como serão nossos próximos dias, que simbolizam o fim de uma dura fase, e o início de uma outra que ainda vamos conhecer, eu ao mesmo tempo suspiro de alívio - pois em breve poderei relembrar como é ter meu marido em casa por mais do que um final de semana atribulado - e respiro fundo - está à vista uma nova rotina, onde, ironicamente, encontrarei saudades desse tempo inicial, onde haviam os finais de semana ao meio, e os bate-papos e telefonemas, que a partir de agora, em sua ausência, não serão mais tão constantes.

Resolvi iniciar esse blog exatamete por isso: transmitir e trocar as experiências dessa diferente modalidade de casamento, que tantas outras mulheres como eu vivenciam por aí.

Está dada a largada para essa nova etapa!